Resenha de "A Batalha do Apocalipse"
- Math Vinícius
- 13 de abr. de 2015
- 2 min de leitura
"Todos nós aspiramos ao inalcançável, e essa angústia é a centelha que acende o calor de nossa existência. Quando todas as questões são respondidas, perde-se também o estímulo da vida." - Arcanjo Gabriel, em "A Batalha do Apocalipse"

Terceiro livro brasileiro que eu leio esse ano! Eu li "A Batalha do Apocalipse", de Eduardo Spohr, que é o livro de estreia do autor. Um projeto bem ambicioso para o primeiro livro, um exemplar tem 569 páginas de estória, com diversos recomeços e um vocabulário muito variado, o que permite um uso enorme de sinônimos, além dos títulos que cada personagem já tem. Ex.: Shamira, a Feiticeira de En-Dor; Lúcifer, a Estrela da Manhã, o Arcanjo Sombrio...
Nesse livro, iremos acompanhar a jornada heróica do Anjo Renegado Ablon, o Primeiro General dos querubins, a casta dos anjos guerreiros. Nós vamos ver o que Ablon fez desde "A Queda dos Anjos ao Crepúsculo do Mundo".
A Terra, ou Haled, como chamam o plano terreno no livro, está prestes a entrar na 3º Guerra Mundial, os países estão armados com bombas nucleares capazes de dizimar toda a humanidade, com isso causar o Apocalipse, e Ablon está aqui, morando no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, só analisando o sinais apocalípticos, sem pensar em tomar partido na guerra entre o Céu e o Inferno (ou Sheol), porque o Céu é comandado pelo tirano monarca arcanjo Miguel, o Príncipe dos Anjos, que odeia os humanos e que expulsou o Renegado da morada dos anjos; e quem lidera o Sheol é o Arcanjo Caído Lúcifer, que traiu Ablon no episódio do exílio dos anjos rebeldes.

Ablon é um pouco o esteriótipo do herói. Leal, forte, desafiador, corajoso. Não tem muitos defeitos, mas um ponto fraco: seus amores. Shamira é uma feiticeira de Canaã, mais precisamente En-Dor, que eu pensei que fosse ser uma espécie de heroína super-poderosa e não pensei que o papel dela ia se reduzir à "mulher amada".
Spohr, para não reduzir o papel dos personagens, resolveu trabalhar em futuro e passado. Sendo assim, fica viável a compreensão da ação dos personagens no futuro, como, por exemplo, o relacionamento entre o querubim e a feiticeira.
O problema dessas idas e vindas é que existe sempre um reinício. O escritor apresenta novos personagens, novos ambientes, novas situações, nova ambientação tempo-espaço, até porque viagens no tempo requerem uma descrição dos fatos históricos e nesse livro vamos visitar Babel, Constantinopla, Inglaterra Medieval, Alexandria, Jerusalém... É um prato cheio para quem gosta de História.
O interessante do livro, que já tem um estilo narrativo muito descritivo bem parecido com Tolkien (vide a descrição do Rio de Janeiro), é o lado filosófico que é trazido pelo autor.

Eduardo Spohr faz o leitor pensar sobre religiosidade dando a entender que todas as religiões são válidas, só que os deuses a serem louvados só existem no plano etéreo, mas existem. Reflexões sobre amizade, amor, lealdade, confiança, livre-arbítrio são evidenciadas e postas à prova. Muitos valores ficam flutando na sua mente no decorrer da história.
E o livro faz uma pergunta: por que confiar tanto na raça humana, se os humanos são tão egoístas, gananciosos e auto-destrutivos?
Pergunta profunda, essa... Alguém pode respoder?
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